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O uso de cintos de levantamento de peso no treino de força

É muito comum o uso de cintos de levantamento de peso (CLP) em contexto fitness e desportivo. Facilmente vemos atletas e não atletas a usá-los aquando da prática do treino com pesos. Muitos acham que o uso deste equipamento é acessório, enquanto outros acham que é essencial para a melhoria da performance do levantamento do peso e, principalmente, para a sua segurança. Aliás o efeito de segurança é aquele que é mais procurado por aqueles que usam os CLP (Finnie et al., 2003), embora na sua maioria usem de forma indiscriminada (com qualquer tipo de carga) e alguns em todos os exercícios, mesmo naqueles que não há uma sobrecarga na coluna vertebral (Finnie et al., 2003).

Renfro & Ebben, (2006) publicaram um artigo em que apresentam uma revisão da literatura sobre, até à altura, o que se tinha produzido acerca do uso de CLP quer em contexto clinico quer em contexto desportivo. As principais conclusões deste estudo foram que não existiam evidências científicas, até à altura, que o uso do CLP era eficaz na prevenção de lesões da zona lombar em contexto laboral e mesmo em contexto da prática de exercício físico. Contudo, em contexto do treino com levantamento de pesos parece que o uso dos CLP pode trazer alguns benefícios, tais como: i) a redução da compressão da coluna vertebral; ii) estabilização da coluna vertebral; iii) aumento do recrutamento das unidades motoras nos primeiros movimentos; e iv) aumento da velocidade de execução dos exercícios.

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Desta forma, segundo Renfro & Ebben (2006) , o uso de CLP pode ser positivo na prevenção de lesões e na performance. Mas será mesmo assim? Observemos o que a demais literatura nos diz.

Em relação à prevenção de lesões, existem dois fatores que são dados como responsáveis pela estabilização da coluna por parte das estruturas musculares  (Cholewicki et al, 1999): i) co-ativação dos músculos antagonistas da flexão do tronco; ii) contração dos músculos da zona abdominal criando um aumento da pressão intra abdominal (PIA).

Aliás, o fator que é mais associado ao efeito protector do CLP  é o aumento da PIA (Harman et al., 1989; Lander et al., 1990; McGill et al, 1990 ; Lander et al., 1992). Segundo alguns autores, a PIA diminui o efeito de compressões que actuam na zona lombar da coluna vertebral (Harman et al., 1989; Lander et al., 1992). Foi estimada uma redução de cerca de 25%-40% do efeito das forças de compressão da coluna vertebral com o aumento da PIA no exercício de agachamento (Lander et al., 1992). Suportando esta ideia, Bourne & Reilly (1991) observaram que o uso do CLP faz com que a diminuição da estatura, decorrente de um treino com pesos em circuito, seja menor do que realizar o mesmo circuito com o cinto.
Em termos de conclusão, a literatura continua a ser controversa em relação aos benefícios do uso, ou não, de CLP na prevenção de lesões da coluna lombar, até mesmo estando associado o seu uso como factor extrínseco à maior incidência de lesões nesta zona em powerliftings (Siewe et al., 2011) e até em trabalhadores do sector de carga dos aeroportos que efectuavam o seu treino com pesos com cinto e depois o deixaram de usar (Reddell et al., 1992).

Desta forma, sugerimos seguir-se as indicações de  Finnie et al., 2003 sobre o uso de cintos de levantamento de peso: i) somente ser usados quando se utiliza pesos máximos ou próximos do máximo; ii) não devem ser usados em exercícios que não causem stress na coluna vertebral ou que esse stress seja mínimo; iii) deve-se treinar de forma exaustiva a técnica correta dos exercícios de treino de força que causam stress na coluna vertebral de forma a minorar esse stress e não partir logo para o uso de CLP.

Personal Trainers não nos limitamos a dar treinos, acreditamos que conhecimento é promotor de mudança e formamos quem treina connosco intensivamente para que o seu sucesso seja garantido.

Texto de Carlos Pinto.